Os elogios pós-morte

Reflexão

Por Jorginho Santos

Ontem, mais uma vez, me deparei com uma mania ridícula da maioria: OS ELOGIOS PÓS-MORTE. O ser humano, em sua maior parte, tem grande dificuldade de elogiar, principalmente os que de alguma forma são diferentes, que optam por quebrar tabus, ser sincero e VERDADEIRO. Exceto, claro, se for político, que garante o seu emprego (enquanto estiver junto), e artistas escolhidos por uma razão qualquer.
Com a morte de DANUZA LEÃO, as redes sociais e jornalistas que torciam o nariz para ela escreveram textos lindos exaltando a sua passagem pelo mundo. DANUZA realmente foi uma escolhida na multidão. De personalidade forte, nem tão bonita quanto pós-morte foi considerada, mas exótica e ousada, fazia dos seus looks um motivo para causar polêmica. Ela mesmo contou que quando foi debutar no Copacabana Palace, enquanto as outras meninas vestiam modelos de brocados, tafetás e sedas raras, ela foi nas Casas Pernambucanas, comprou fustão e fez o seu vestido. Chamou mais atenção e, claro, teve mais comentários que todas as outras. Ser diferente, não seguir regras, como a cor da moda, o penteado da época, sempre teve e sempre terá consequências perigosas.
Mas, quando as pessoas MORREM, elas se tornam MITOS, estrelas, e todos os elogios contidos florescem. Isso é triste e muito feio. Por isso que gosto de elogiar quem merece. E mesmo que não façam parte da lista dos preferidos, dos que estão ocupando cargos ou são milionários. A não ser que realmente mereçam dentro da minha análise. Elogiar faz bem a quem o faz e a quem recebe e percebe ser verdadeiro.
Fico imaginando quando chegar a minha vez de partir se alguns que fingem nem saber da minha existência terão coragem de escrever algo elogioso sobre mim. Prefiro que continuem sendo honestos e prossigam ignorando. Deixem somente os que convivem comigo, que me fazem sorrir, os que habitualmente enxergam algum valor, façam os seus registros. Só eles, na verdade, devem abrir o coração e registrar OS ELOGIOS PÓS-MORTE. Imagem de Henryk Niestrój por Pixabay 

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